segunda-feira, 17 de março de 2008

Calmaria

Lá fora chove, mas não chuva forte, tempestade. Cai uma garoa fina, chata que torna o dia cinza e sem graça.
Aqui dentro parece transpor o que acontece lá fora, Mary não apareceu, o silêncio paira sobre a sala, cada um concentrado no que faz (ou não faz).

Eis que surge, de repente uma voz na porta:
- Alguém quer um café!?

Senhor das Palmas rompe o silêncio e me dá um susto. Ao perceber o ocorrido ele simplesmente faz o que sabe fazer de melhor: ele ri. A gargalhada gostosa de se ouvir ecoa pela sala que parece cinza como o dia lá fora; porém há algo diferente em sua risada. As palmas não a acompanham mais. Agora o Senhor das Palmas carrega uma pesada bandeja ao invés de seu carrinho que, como Rodolphinho já nos contou, fazia com que o tintilhar das xícaras anunciasse sua chegada.

E o que nos deixa mais triste é que ele ainda diz:
- Se eu não estivesse segurando esta bandeja eu bateria palmas.

Rodolphinho ainda tenta ajudar:
- Deixe que eu seguro para o senhor.

Mas ele, numa atitude profissional, não largou sua bandeja. Continuou rindo e serviu o café magistralmente, como sempre faz. Creio eu que estava batendo palmas por dentro, afinal pessoas choram por dentro, riem por dentro, sentem por dentro, por quê não bater palmas por dentro?

Sirius não quis café. O que me estranha, afinal, pessoas sérias adoram café.

O Senhor das Palmas, logo após o ocorrido saiu da sala, voltou para a cozinha, rindo e batendo palmas por dentro.

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Nesta semana de folga da nossa superior, não sei o porquê, mas me apelidaram de “Mary-cotinha”.

Gostaria de deixar registrado que não me considero parecida com a chefinha, apenas em alguns poucos aspectos, como o fato de sermos canhotas e gostarmos das coisas em ordem.
Acho que, pelo fato de eu ser a mais antiga estagiária por aqui, as pessoas crêem que, na ausência de Mary, quem comanda isto aqui sou eu. Mas não faria isso sem ajuda dos meus queridos companheiros, que fazem deste lugar, apesar dos pesares, o lugar mais divertido do mundo para se trabalhar. Portanto quero frisar que não sou “Mary-cotinha”, sou simplesmente Sênior mesmo.
E amanhã o ditado se inverte: Após a calmaria, vem a tempestade.

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